Novos distúrbios são registrados no Egito a 2 dias das eleições


(do UOL) Novos distúrbios foram registrados neste sábado na capital egípcia, Cairo, entre as forças de segurança e manifestantes que pedem a saída imediata da junta militar que governa o Egito desde a queda do ex-ditador Hosni Mubarak.

Ao menos uma pessoa morreu durante os confrontos entre policiais e manifestantes que permaneciam concentrados na frente da sede do Conselho de Ministros do Egito, segundo informou o Ministério da Saúde.

De acordo com a emissora de TV estatal egípcia, as tensões tiveram início quando as forças de segurança pediram aos opositores presentes que se retirassem. O grupo aglomerado no local, porém, tomou uma postura mais agressiva ao ver uma viatura dar ré e atropelar dois cidadãos.

Um deles, de 21 anos, morreu e outro ficou ferido, disse o diretor do hospital de Al Munira, Mohammed Shauki, à agência oficial de notícias "Mena".

Os manifestantes passaram a noite acampados na sede do Conselho de Ministros para impedir que o novo primeiro-ministro, Kamal Ganzouri, apontado pelo CSFA (Conselho Supremo das Forças Armadas), entrasse no prédio.

Na praça Tahrir, a movimentação continua alta, mas o ambiente estava mais calmo. Dezenas de voluntários limpavam os restos da grande manifestação que ontem exigiu aos militares que abandonassem o poder imediatamente.
Grupos opositores propõem um governo de salvação nacional liderado pelo prêmio Nobel da Paz e candidato presidencial Mohamed ElBaradei, uma opção rejeitada pelo Exército.

Durante a grande manifestação de ontem, ElBaradei, também ex-diretor da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), se uniu às dezenas de milhares de pessoas no local para apoiar a causa de fim do poder do Exército.

APELO EXTERNO

A mobilização popular lembra a rebelião que derrubou em fevereiro o ditador Hosni Mubarak. Os manifestantes voltaram desde sábado às ruas do Cairo e de outras cidades, depois de o governo provisório divulgar um anteprojeto constitucional que blindaria as Forças Armadas de qualquer supervisão civil.

Tentando acalmar a situação, a junta militar demitiu o primeiro-ministro Essam Sharaf e prometeu antecipar em seis meses a eleição presidencial, inicialmente programada para o final de 2012. Na segunda-feira, começa no Egito uma eleição parlamentar em várias etapas, que vai até o começo de 2012.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu novamente ao conselho militar que garanta uma transição pacífica de poder aos civis após conversar com representantes das autoridades egípcias, segundo seu porta-voz Martin Nesirky.

Ban falou com o líder do conselho, Hussein Tantawi, por telefone e renovou o apelo por uma "transição pacífica, inclusiva e ordenada que vá de acordo com as aspirações legítimas do povo egípcio através de eleições transparentes que levem a um governo civil", citou Nesirky.

Na sexta-feira, a Casa Branca também afirmou que a transferência de poder a um governo civil no Egito deve acontecer o mais rápido possível e lamentou a perda de vidas durante os últimos protestos pró-democracia.

"A plena transferência de poder para um governo civil tem de ocorrer de uma maneira justa e inclusiva que responda às legítimas aspirações do povo egípcio, tão logo quanto possível", afirmou o secretário de imprensa da Casa Branca, Jay Carney.
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